Mulher ou homem na vida são sujeitos de Direitos.



Queridas amigas, vivi neste últimos meses de outubro de 2010 a setembro de 2012, momentos de muito trabalho, dor, reflexões e amor.



Moro no Rio de Janeiro. Uma linda metrópole; quem já ouviu falar ou já viu as cenas lindas da minha cidade?



É um fato o Rio de Janeiro é uma cidade maravilhosa. A maravilhosa cidade também tem a sua penumbra da negligência, O SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE.



O que leva um ser a morrer, a negligência no tratamento certo ou a espera da cura?



O meu tio Jarbas de Souza Barbosa, foi vitima deste sistema, assim como milhares de brasileiros de todas as faixas etárias. Foi internado no hospital Lourenço Jorge no dia 25 de outubro de 2010 com infecção urinária, durante este período fomos várias vezes ao hospital e somente em uma conseguimos falar com o médico de plantão que não fechou um diagnóstico por estar esperando o resultado dos exames, vindo a ter alta em 23 janeiro de 2012, sem que soubéssemos de fato a gravidade da doença e portando uma sonda vesical, não foi a entregue uma receita para acompanhamento e nem explicações sobre os dois encaminhamentos para atendimentos laboratoriais no cardiologista e no urologista que estavam juntos ao documento de alta da internação.



Ao chegar em casa nos preocupamos em fazer uma dieta "intuitiva" visando o quadro que estamos vendo. No dia seguinte o Jarbas começou a se sentir mal retornando ao mesmo hospital sendo receitado finalmente 11 medicamentos que começamos a administrar logo a seguir.



Começamos buscar as clinicas especializadas em urologia e cardiologia no sistema público conseguindo marcar consulta para o mês de março de 2011.



Ao finalmente ir ao urologista, o médico solicita os exames e acrescenta mais uma medicação, um antibiótico para infecção urinaria e solicita vários exames para fechar o diagnóstico, em momento algum o médico quis ver os vários exames feitos durante a internação e a receita com os vários remédios que estavam sendo administrados e assim continuaram.



Entre os meses de janeiro a setembro cabe ressaltar as visitas ao pronto socorro eram semanais e as vezes até mais, para desobstruir a sonda que entupia, era um procedimento doloroso desgastante, pois além de nos tirar de uma rotina imposta pela vida que é trabalhar pela nossa sobrevivência, vindo a faltar o trabalho, ainda tínhamos que contar com a boa vontade da equipe que nos atendia nos hospitais.



O quadro de saúde do Jarbas só iá piorando e a gente adoecendo com ele, já que a nossa rotina diária sofreu uma grande alteração: administração de medicamentos com horas certas, muita roupa para lavar com fezes, um pessoa para dar banho tinha dias que mais de três vezes, outro espaço para arrumar e mais as tarefas do dia a dia no lar e trabalho. Perdi 20 quilos nesta luta.



Este meu tio foi fruto de um casamento de um capitão do mato e uma menina frágil, assim como o seus irmãos entre eles o meu pai. A violência familiar era uma constante em sua vida, de tal forma que o mesmo fora violento com esposa e filhos, vindo a ser internado em um sanatório e abandonado pela sua família. Quando o encontramos ele tinha tido alta do sanatório e perambulava pelas ruas de um bairro próximo a nossa casa, desde então morava conosco a 23 anos e passou a ser parte mais próxima da nossa família,



Na última quarta-feira, dia 31 de agosto de 2011, ao ir dar o seu remédio as 6:00 da manhã e seguir para o trabalho achei o seu quadro bem pior, tive que colocar a água dentro de uma garrafinha, segurar as suas costas e dar pra ele beber, já não conseguia se manter sentado e repassar as tarefas para a minha filha e irmão. Foi levado ao hospital vindo a falecer no dia 01 de setembro de 2011, vinte quatro horas depois.



Lembram quando eu escrevo sobre os exames, marcações, datas? Desde janeiro ele estava esperando por esta marcação, um exame foi marcado para o dia 26 de setembro e o outro para o dia 3 de outubro, a consulta seria no dia 17 de outubro de 2011, e aí sim saberíamos qual era de fato a sua doença. Câncer, infecção urinária?



Não teve tempo sequer de ter um atendimento digno por existir, seu direito à saúde!



O atestado de óbito não deixa dúvidas ele morreu de choque séptico e infecção urinária, ou seja, morreu de fato por conta da negligência no atendimento e morosidade na ação.



Deveriam ter sido feitos exames de sangue para saber qual a bactéria estava na urina e sanar o problema, porém, não foi feito desta forma e nos leigos, administramos durante meses medicações diversas por falta de opção.



A saúde do meu Estado, RIO DE JANEIRO, do meu País, BRASIL, é uma vergonha nacional! Há profissionais preparados, top de linha, mas a demanda e a atenção governamental torna-os reféns de baixos salários, a falta de construções de hospitais de grandes portes faz com que várias Unidade Pronto Atendimento à Saúde sejam criadas como paliativos e não como solução ou prevenção a saúde da população.



Os corredores do Hospital Lourenço Jorge estão cheios de macas, doentes espalhados pelo chão como se vi vessemos em guerra, o hospital Cardoso Fontes super lotado e em obra, sendo necessário para os casos graves, assim como do meu tio esperar meses e meses por exames E CONSULTAS ESPECIALIZADAS para compor um diagnóstico e dar o atendimento adequado.



Vale ressalta que escrevi para a Câmara dos vereadores do Rio de Janeiro, Secretaria de Saúde do Estado e Ministério da Saúde contando a gravidade do quadro e a necessidade de emergência quantos aos exames, pedindo ajuda, sem que os citados órgãos ao menos se pronunciassem.

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